Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho famoso artista mineiro nascido em Vila Rica no ano de 1730 completa seu bicentenário de morte

Por Lourrane Moura e Iasmim Valadares

Celebrações do seu bicentenário

Um pouco de sua história …

Filho de Manuel Francisco Lisboa arquiteto português com uma escrava de nome Izabel , Aleijadinho se destacou por suas estatuas em pedra sabão e pelos ricos detalhes nas Igrejas de Ouro Preto , Mariana, Sabará, São João Del Rei e Bom Jesus de Matosinhos. O artista percebeu cedo seu dom e iniciou sua vida artística ainda na infância ao observar o trabalho do seu pai que também era entalhador e com ele aprendeu lições de arquitetura e escultura. Aleijadinho recebeu ainda instruções de artistas portugueses.

Tempos depois, Aleijadinho decidi trabalhar por conta própria fazendo esculturas e planejando igrejas , seu trabalho chamava a atenção de todos, inclusive de algumas cidades vizinhas . Porém Aleijadinho não assinava seus trabalhos por ser mestiço .

Nesse inicio suas obras foram marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões , as duas localizadas na cidade de Ouro Preto No auge da fama, foi acometido por duas graves doenças: porfiria e hanseníase, quando perdeu os dedos dos pés e foi obrigado a passagens promoção andar de joelhos, perdendo também alguns dedos das mãos, restando apenas os dedos indicadores e polegares. Por causa da doença foi apelidado de Aleijadinho.

Doente Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro. Aleijadinho morreu a 18 de novembro de 1814, aos 76 anos de idade, mas continua vivo em suas inúmeras obras .

Obras

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira e madeira. Na sua biografia oficial, a arte que coroa sua carreira ocorreu de 1790 a 1794, na execução do altar-mor da igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, com uma grande equipe de oficiais de talha. Mas a obra mais conhecida é a do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo, construído de 1796 a 1799. O pedido partiu de Feliciano Mendes que foi um minerador de origem portuguesa, que prometeu a construção do santuário como cumprimento de uma promessa. Feliciano investiu toda a sua fortuna pessoal nas obras.

Em 1800, inicia a execução das estátuas em pedra esteatita dos Profetas com sua equipe de ateliês reconhecida como uma das séries mais completas do tipo de arte cristã ocidental. Nela, em posição de destaque nas escadarias do santuário, estão os quatro principais profetas do Antigo Testamento (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel). Na sequencia, os outros oito profestas menores, escolhidos por um clérigo segundo a importância estabelecida na ordem do cânon bíblico.

Obras

Esculturas dos Doze Profetas em Congonhas do Campo.

Principais obras de Aleijadinho

Talha

Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei
Retábulo da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto
Retábulo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto

Arquitetura

Projetos de fachadas de duas igrejas (Igreja de São Francisco em São João del-Rei e Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto).

Escultura

Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (incluíndo as mais conhecidas: “Os Doze Profetas”).

Igreja São Francisco de Assis ( Ouro Preto )

Antônio Francisco Lisboa iniciou a construção desta igreja no ano de de 1766. A sua construção se estendeu até meados do século XIX. Aleijadinho utilizou recursos arquitetônicos incomuns aos templos mineiros. Merecem destaques os dois púlpitos esculpidos em pedra sabão, datados de 1771, o altar-mor, o lavabo da Sacristia e o teto pintado por Mestre Athaíde.

Fachada da Igreja de São Francisco de Assis

Teto da Igreja de São Francisco de Assis

Curiosidades sobre o artista:

Em 1767, ele perdeu o pai e não é contemplado no testamento por não ser considerado filho legítimo de sua mulher.
Depois de doente Aleijadinho trabalhava com a ajuda de três escravos. Um deles se chamava Justino e um dia fugiu levando o dinheiro de um grande trabalho. O outro escravo e discípulo seu, chamado Maurício, ajudava-o amarrando às suas mãos o cinzel e o martelo com uma correia passagens promoção de couro.
Aleijadinho vivia sempre isolado e saía de casa de madrugada e retornava tarde da noite para que ninguém reparasse a sua deformidade.
O conjunto do santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG), que reúne 66 imagens esculpidas em madeira e os 12 profetas feitos em pedra-sabão é considerado um dos mais importantes do período colonial brasileiro.
Durante uma procissão em Minas Gerais, a lança de uma imagem de São Jorge feita por Aleijadinho matou um escravo. Foi decidido que o assassino era São Jorge e a imagem foi direto para a prisão
Sua obra só foi reconhecida após a morte .
Morreu aleijado, cego e na miséria, no dia 18 de novembro de 1814. Foi sepultado numa vala comum da Confraria da Boa Morte, em Vila Rica.

Filme O Aleijadinho: Paixão, Glória e Suplício

É um filme brasileiro de 2003, do gênero drama biográfico, dirigido por Geraldo Santos Pereira. Onde é contado a história do escultor mineiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, acompanhando sua vida e sua formação artística e cultural. O filme mostra o relacionamento com a escrava Helena, os conflitos políticos com o pai, um arquiteto português, a sua amizade com o inconfidente Cláudio Manuel da Costa e a doença que o deixou deformado, mas não conseguiu impedi-lo de trabalhar.

ENTREVISTA

Entrevistado: José dos Anjos, 50 anos, Recepcionista do Museu do Aleijadinho da Igreja São Francisco de Assis da cidade de Ouro Preto.

Aleijadinho nasceu em Ouro Preto, filho da escrava Isabel e do arquiteto português Manuel Francisco Lisboa, teve sua carta de alforria logo após o nascimento. Autodidata , sem registros que frequentou uma escola, teve um filho e passou seus últimos dois anos bairro Antônio Dias. A obra máxima em arquitetura foi realizada na igreja São Francisco de Assis, mas possui obras também nas igrejas: Mercês dos Perdões, Nossa Senhora do Carmo, São José e em outras cidades, como Congonhas.

Aleijadinho não juntou nenhuma fortuna pelo exercícios de sua arte, ele partilhava os bens que ganhava com o escravo Maurício, o qual o mesmo ajudava em suas obras. Até os 40 anos Aleijadinho não tinha problemas de saúde e era bastante boêmio e gastava dinheiro com mulheres e bebidas. Antônio Francisco era pardo escuro, estatura baixa, tinha voz forte, a fala arrebatada, e o gênio agastado.